Realizamos
no dia 15 de março do corrente ano das 8 às 12 e das 14 às 18 horas a I
formação continuada com as serventes, merendeiras e auxiliares de serviço geral
das escolas municipais, para discutir a seguinte temática: “Ressignificando as
práticas no ambiente escolar”, tendo como objetivos: considerar a dimensão
educativa da ação desse grupo na escola, onde tudo deve convergir para o bom
atendimento aos alunos e para o alcance de suas aprendizagens; colocar em
discussão a importância do cumprimento efetivo das atribuições de cada agente
educativo na escola para que de fato possamos ressignificar as práticas no
ambiente escolar; estudar a resolução 11.947/2009 que dispõe sobre a merenda
escolar servida nos municípios e visualizar através de relatos do grupo as
experiências de mudança acerca da rotina de trabalho da equipe para fazer
paralelo com outras experiências que ainda estão em processo de mudança e
construção na rede municipal de ensino.
Iniciamos
o encontro com uma acolhida calorosa envolvendo um café da manhã que foi preparado
em homenagem ao grupo, depois, realizamos uma atividade intitulada: “Dinâmica
da cooperação” com o uso de chocolate, na dinâmica o grupo foi dividido em
duplas, cada dupla teria de encontrar uma forma de desembrulhar o chocolate e
comer “sem utilizar suas mãos”,
o grupo tentou e só depois alguns descobriram a charada, podia usar as mãos do
colega do lado, pois este era o sentido da cooperação e da solidariedade.
Após
este momento, apresentamos as formadoras ( Janaina Batista que é diretora do
departamento da alimentação escolar; Nilza Helena - coordenadora de ensino;
Patrícia Montagna - psicóloga e Rosemary Araújo que é a nutricionista). Após
este momento, socializamos o roteiro de trabalho, dando ênfase nos objetivos do
encontro e estabelecemos os combinados para que pudéssemos ter um dia de estudo
bem proveitoso e onde fosse respeitada e valorizada a participação de todos.
A
primeira atividade de estudo realizado foi a exploração de um gráfico
intitulado Cebola do CEDAC, seguida da leitura compartilhada de alguns recortes
do texto: Sentido das práticas educativas de Tereza Perez e Otávio Costa, do
Caderno 3 do Cotidiano do Gestor Escolar. O gráfico traz o aluno como centro do
processo educativo e no texto foram abordados os seguintes aspectos: o papel de
cada agente educativo inclusive do aluno, pais e responsáveis na aprendizagem;
o papel das auxiliares de serviço geral, servente e merendeira que vai além de
preparar, servir e manter limpa a escola, este grupo é responsável também por
zelar pela aprendizagem dos alunos, de ensinar valores, cidadania...da
necessidade da escola desenvolver um trabalho em equipe, de valorizar os
diferentes agentes educativos que dela fazem parte, etc. O grupo colocou que
realmente o aluno é o centro do fazer educativo na escola, mas que devido a
sobrecarga de trabalho fica difícil as vezes trabalhar na dimensão do educar,
mas quando é possível são dadas orientações sobre a necessidade de manter a
escola limpa, de usar os banheiros de forma correta, de não agredir os colegas,
mas que ainda falta avançar nesse fazer.
Após
este momento, houve os relatos de experiência de algumas representantes do
grupo, esta atividade foi realizada com antecedência nas escolas, onde a
nutricionista e a diretora da alimentação escolar gravaram os relatos das serventes
e merendeiras e construíram slides para facilitar o acompanhamento e
compreensão do grupo, foram compartilhados seis relatos de experiência a partir
da seguinte consigna: O que é ser
servente no ambiente escolar? Após os relatos, abrimos espaço para
discussão no grupo acerca das questões: Como
tem sido minha prática na escola? O que é ser servente? e como avalio esse papel? Muitas colocaram
que ser servente é servir, é receber bem os alunos, é cumprir com o papel de
colaborar na educação dos mesmos...outras colocaram as angústias e preconceitos
relacionadas ao tratamento que este grupo recebe por parte de algumas pessoas
nas escolas, que muitas vezes desmerecem o papel desempenhado por elas, as
desautorizam na presença dos alunos, outros, não sabem pedir, muitas vezes
exigem/ mandam; de que não são comunicadas das atividades que ocorrem na escola.
No
decorrer da manhã, realizamos também alguns sorteios de brindes, a partir de um
número que estava num papel embaixo do chocolate que todas receberam na
entrada.
Para
encerrar o trabalho da manhã, foi proposta uma atividade em grupo que
consistia em separar as boas práticas das
práticas que não devemos adotar no ambiente escolar, foram preparadas
várias placas com situações que ocorrem em algumas escolas, tanto com atitudes
positivas e negativas, misturaram-se todas elas e solicitamos ao grupo que
separasse, colando as situações nos seus devidos lugares num cartaz.
Esta
atividade foi coordenada pela nutricionista Rosemary. Após a separação das
práticas, a nutricionista fez as intervenções, comentando todas as situações e
perguntando o porquê do grupo ter
avaliado como uma boa prática e como postura que não se deve adotar.
Reiniciamos
as atividades no turno da tarde com uma dinâmica envolvendo a música “vem
dançar” onde todas participaram, se soltaram, foram para a frente se
apresentar.
Após esta atividade de descontração e
entrosamento no grupo, foram socializados os slides sobre a resolução
11.947/2009 que dispõe sobre o atendimento a alimentação escolar no país e do
Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica, foi abordado
o valor aluno que o governo federal repassa para aquisição da merenda escolar e
a contrapartida do governo municipal. No debate foi ressaltada também a questão
da inserção de alimentos da agricultura familiar na merenda escolar e a
readaptação do cardápio com esses novos elementos. A discussão foi mais
demorada quando foi apresentada a per capita da merenda escolar, onde algumas
questionaram que a quantidade estabelecida não é suficiente, que muitos alunos
ficam prejudicados, principalmente os últimos da fila. Foram feitas algumas
vivências sobre a utilização da per capita, usando o exemplo de várias escolas,
muitas serventes não sabem como calcular a quantidade de alimento pela
quantidade de aluno, mas todas puderam participar da atividade a fim de
superarem este problema. Na discussão sobre o cardápio foi também acirrada,
pois algumas sugerem que tirem da lista alguns alimentos, como o biscoito em
rosquinha que não é rentável e sugeriu-se também que retirassem algumas opções
de polpa de fruta, como o cupu, o murici e o açaí, a equipe que trabalha nas
creches alegaram que o açaí é o preferido das crianças. Ficou acordado que a
escola deverá avaliar o gosto dos alunos e negociar direto com o fornecedor que
é do próprio município, repassando para ele que tipo de polpa prefere continuar
recebendo; foi solicitado também que diminuísse a quantidade de feijão e
aumentasse a quantidade de arroz; que o arroz com abóbora não é muito
aceitável, algumas socializaram a prática de colocar a abóbora na sopa que é
muito apreciada pelos alunos em muitas escolas. Todas as reivindicações foram
registradas para análise e possível tomada de decisão.
Realizamos
o levantamento dos materiais e outras demandas que o grupo precisa na escola
para melhor desempenhar suas funções, todas as serventes e merendeiras reuniram
por escola para elaborar suas listas, deixamos claro que o grupo deveria listar
as necessidades emergenciais e que não garantiríamos o seu cumprimento
imediato, mas que encaminharíamos o documento ao secretário de educação com as
solicitações para possíveis resoluções.
Realizamos
a avaliação utilizando os critérios que
bom, que pena e que tal. Como bom e positivo na formação o grupo
considerou: “A preocupação da equipe em nos acolher bem; Paciência para
explicar; O café da manhã e o lanche da tarde; a presença da Patrícia -
psicóloga que nos explicou tudo muito bem e por sua animação; O conhecimento e a aprendizagem
adquiridos; A participação do grupo; A preocupação com as necessidades das
escolas; A troca de experiência e o companheirismo; A presença da Nilza Helena
no encontro contribuindo com seu conhecimento e por sua postura de humildade; Os elogios feito ao grupo; Os depoimentos no relato de
experiência; As críticas construtivas; Reencontrar colegas; Conhecer pessoas
novas; O esclarecimento de dúvidas; O reconhecimento as serventes; A postura do
grupo de serventes, merendeiras e auxiliares durante toda a formação; A
preocupação da equipe em continuar oferecendo a formação ao longo do ano; A harmonia da equipe formadora ." No
quesito “que pena” o grupo ressaltou: “Que pena que o encontro acabou; Que pena a
equipe inteira das escolas não terem participarticipado da I Intervisão no dia em que
discutiu legislação; Que pena outros colegas de profissão não terem vindo; Que pena que a formação
não ocorreu antes; Que pena que alguns profissionais da própria escola não nos
valorizam; Que pena foi apenas 8 horas de formação.” No critério “que tal” tivemos
algumas sugestões: “Que tal o prefeito e a advogada vir para a formação; Que tal cada participante buscar
mudar sua postura na escola a partir de segunda-feira; Que tal sermos mais unidas;
Que tal todos na Escola cumprirem com o seu dever; Que tal incluir vigias e a diretora na
formação para ouvir as reivindicações; Que tal envolver os vendedores de lanche das
escolas na formação; Que tal continuar com as dinâmicas para animar nossa formação; Que tal na próxima formação trazer um tema
para tentar resolver os problemas que surgem no portão das escolas; Que tal oficinas
com outras temáticas (artesanato, dança, música, etc); Que tal mais brindes para
sorteio.”
Para
encerrar nosso dia de estudo, a Patrícia realizou a atividade de socialização
na roda, onde foi resgatado as vivencias durante o dia de formação para ressignificar as práticas no ambiente escolar por meio de uma conversa dirigida em roda. Em seguida cada participante foi instigada a dizer em uma palavra do que
iria levar daquele encontro, à medida que a pessoa ia dizendo a palavra, o
grupo inteiro girava e dizia em coro: nós
te apoiamos. Várias foram as palavras ditas, podemos citar algumas:
valorização, respeito, dignidade, conhecimento, experiência, busca,
motivação... Abrimos espaço para as duas senhoras/serventes que cuidaram do
grupo o dia inteiro se apresentarem, uma colocou que realmente as escolas
precisam valorizar o grupo, que devemos estudar, fazer as coisas com prazer,
buscar ser feliz naquilo que escolhemos fazer como profissão. Encerramos o
encontro às 18 horas e 15 minutos, agradecendo a presença das participantes, o
empenho em participar e contribuir com suas aprendizagens e experiências. O
grupo inteiro trocou abraços na despedida cantando.
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